TCU Rejeita Pedido de Suspensão do Salário de R$ 39 mil de Ex-Presidente Bolsonaro pelo PL

Na quarta-feira, dia 2, o Tribunal de Contas da União (TCU) rejeitou, por unanimidade, a representação que pontuava a possibilidade da suspensão do salário de R$ 39 mil recebido por Jair Bolsonaro, ex-presidente do país, através do Partido Liberal (PL). A decisão afirma que a competência para análise do pedido é da Justiça Eleitoral, logo, a representação será encaminhada ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e à Procuradoria Geral da República (PGR).

“Os partidos políticos são obrigados a prestar contas à Justiça Eleitoral, que é composta pelos tribunais eleitorais e pelo TSE e cabe à Justiça Eleitoral analisar a prestação de contas dos partidos políticos”, foi a argumentação final do acórdão do TCU.

Por que o TCU rejeitou a representação?

No dia 12 de julho, Lucas Rocha Furtado, subprocurador-geral da República, procurou o TCU para solicitar a suspensão do salário pago ao ex-presidente pelo PL. Furtado argumentou que a verba pública do partido não deveria ser voltada para o pagamento de salário a um filiado inelegível.

“A utilização de recursos públicos para remunerar pessoa que foi condenada pelo Poder Judiciário, no âmbito do TSE, é, a meu ver, violação direta e mortal do princípio da moralidade administrativa”, sugeriu Furtado na representação.

Qual será o próximo passo?

Como o TCU rejeitou a petição, não houve uma análise do mérito da questão. Então, caso o PGR entenda que a representação tem respaldo, pode fazer exatamente o mesmo pedido à Justiça Eleitoral. Observa-se que até do dia 3, o processo ainda estava no TCU.

O salário de Bolsonaro

No último turno das eleições, que ocorreu no ano passado, Jair Bolsonaro foi derrotado. Então, o PL de Valdemar Costa Neto decidiu que, a partir de janeiro deste ano, Bolsonaro seria o presidente de honra do partido. Esse cargo tem como característica ser de um “filiado de reconhecida importância e relevante contribuição para o crescimento do partido em âmbito nacional”.

O presidente de honra faz parte da Executiva nacional e tem direito a voto nas instâncias internas do PL. O salário foi discutido internamente e ultrapassa os R$ 39 mil. No entanto, essa não é a única fonte de renda do ex-presidente.

Quando chegou ao Planalto, Bolsonaro já recebia uma aposentadoria do Exército, no valor de R$ 12 mil. No dia 2 de dezembro de 2022, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), concedeu a Bolsonaro uma aposentadoria por seus 28 anos de contribuição como deputado antes de se tornar presidente da República. Essa segunda aposentadoria é de cerca de R$ 33 mil.

Logo, somando suas duas aposentadorias e o salário do cargo de presidente de honra, Bolsonaro recebe aproximadamente R$ 75 mil por mês – o equivalente a 56 vezes o salário mínimo nacional.