Audiência das lives do presidente Lula decepciona, mesmo com esforço de divulgação do governo

Apesar do esforço do governo chefiado pelo ministro Paulo Pimenta, com a criação de uma estratégia de transmissões ao vivo nas redes sociais, lideradas pelo presidente Lula, os resultados são pouco animadores. Depois de 10 semanas de implementação da estratégia, as visualizações das lives do presidente são consideravelmente baixas.

Na última transmissão, realizada em 14 de agosto de 2023, a audiência ao vivo foi de apenas 5.500 espectadores. Um número baixo, especialmente quando se considera que o presidente possui 1,33 milhões de inscritos em seu canal no YouTube e 5,6 milhões de seguidores em sua página do Facebook.

Como é a audiência das lives do presidente Lula?

Até o dia 18 de agosto de 2023, as 10 edições da live “Conversa com o presidente” acumulavam 2,5 milhões de visualizações nas redes sociais oficiais. No entanto, mesmo com a presença de cortes separados e perguntas de eleitores durante as transmissões, a audiência é considerada baixa, principalmente se comparada ao ex-presidente Jair Bolsonaro.

Já as primeiras 10 lives de Bolsonaro, concentravam 12,5 milhões de visualizações no Facebook até 18 de agosto. A live mais vista é justamente a primeira dele, realizada em 7 de março de 2019, com 2,4 milhões de visualizações.

Como é realizado o formato das lives?

As lives do atual presidente, Lula, têm transmissão semanal desde o dia 13 de junho de 2023 e contam com um formato mais profissional, com câmeras de alta qualidade e uma mesa e microfone, no estilo dos atuais podcasts de entrevistas.

No entanto, apesar do formato ser o de uma entrevista informal, muitas vezes fica a impressão de que há um roteiro pré-definido. Não é incomum o próprio presidente dizer que sentiu falta de um assunto que estava previsto para ser discutido e trazer o tema à tona, mesmo sem que o entrevistador faça a pergunta.

O que os especialistas falam sobre as transmissões?

A pesquisadora Yasmin Curzi, do Centro de Tecnologia e Sociedade da FGV, afirma que não é possível ter certeza se os dados de audiência são orgânicos ou se foram influenciados por perfis fakes ou robôs, mas ela observa que a direita consegue se comunicar melhor e envolver mais pessoas. Isso poderia explicar a diferença significativa nos números de visualizações das lives dos dois presidentes.

Além disso, Hélio Doyle, presidente da EBC (Empresa Brasil de Comunicação), afirma que as transmissões ao vivo do Bolsonaro tinham como foco “mobilizar as bases bolsonaristas”. Já o atual formato, conduzido pelo presidente Lula, é mais uma conversa coloquial. Apesar das comparações, ele deixa claro que são produtos diferentes e que não podem ser comparados.

De toda forma, apesar de todas as estratégias, os números de audiência permanecem modestos e a estratégia do governo em relação às transmissões ao vivo nas redes sociais continuará sendo monitorada e ajustada conforme necessário. A tentativa de abertura de um canal mais direto de comunicação do presidente com a população, parece ainda não ter alcançado os resultados esperados.