Ex-auxiliar de Bolsonaro tinha ciência de status público de joias, revelam mensagens

Novas informações revelam que o Tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), já sabia desde março de 2023 que as joias recebidas pelo governo possuíam status de bens de interesse público. Cid também tinha consciência de que, mesmo se os itens fizessem parte legalmente do acervo pessoal do então presidente, a União teria direito de preferência para aquisição dos itens caso estes fossem vendidos.

Estes fatos vieram à tona por meio de mensagens trocadas entre Cid e Fábio Wajngarten, advogado que representa a defesa de Bolsonaro no caso das joias, e antigamente ocupava o posto de secretário de Comunicação da presidência. As mensagens foram extraídas do celular de Cid e publicadas na coluna de Juliana Dal Piva, do UOL.

Investigação sobre a origem das joias

A conversa entre Cid e Wajngarten ocorreu em 5 de março, após a revelação feita pelo Estadão de que o governo Bolsonaro teria tentado trazer ilegalmente um colar e brincos de diamantes da Arábia Saudita. Cid compartilhou a matéria com Wajngarten, que expressou seu desprezo pelo ocorrido, ao que Cid comentou: “Difícil mesmo. O pior é que está tudo documentado”.

Além disso, o papo entre os dois continuou, com discussões sobre outros itens recebidos pela Presidência que não foram encaminhados para o acervo da União. Esta ação estaria de acordo com a legislação brasileira. Cid demonstrou ter conhecimento desta ilegalidade, visto que enviou a Wajngarten diversas mensagens elucidando as normas para o recebimento e tratamento de presentes pela Presidência.

Bolsonaro está dentro da legalidade ao ficar com as joias?

É nesse momento que Cid admite que os itens são de interesse público e questiona a situação de presidentes anteriores que, segundo ele, teriam mantido presentes recebidos durante seus mandatos. No entanto, Wajngarten responde que essa não é a questão principal e que o assunto não se resolve apenas com comparação simples.

Muitos dos itens recebidos não foram declarados, como é o caso das joias reveladas pelo Estadão em março deste ano. Os itens ficaram retidos na Receita Federal em 2021 pois entraram no país sem registro apropriado. O pedido para conduzir as joias para o acervo pessoal de Bolsonaro foi feito por Mauro Cid somente em dezembro de 2022, numa última tentativa de recuperar as joias.

A saga continua

Apesar das alegações, a investigação sobre as joias continua em andamento. Enquanto isso, o Tenente-coronel Mauro Cid enfrenta seus próprios problemas legais, sendo acusado de falsificação de cartões de vacinas e sob investigação por golpe de estado e venda de joias da Presidência.