Queda Dramática no Crédito Corporativo Brasileiro: Impacto nas Empresas e Aumento de Recuperações Judiciais

Uma tendência preocupante tem afetado o mercado financeiro brasileiro nos últimos meses: a queda na oferta de crédito corporativo. De acordo com dados do Banco Central, houve uma redução de 8,6% nos empréstimos a juros livres (negociados diretamente entre as partes) para pessoas jurídicas em fevereiro. Mas quais são os principais motivos por trás dessa situação e como isso afeta as empresas no país?

Agentes financeiros, como o Goldman Sachs, apontam que o cenário deve continuar piorando ao longo do ano devido a diversos fatores. Entre eles, estão o alto nível de endividamento do consumidor, taxas de juros elevadas, a desaceleração da atividade econômica e o surgimento recente de várias situações de dificuldade no crédito corporativo.

Quais empresas estão sendo mais afetadas pela queda no crédito corporativo?

Com a redução na oferta de crédito corporativo no Brasil, muitas empresas têm enfrentado dificuldades para refinanciar suas dívidas e têm sido obrigadas a assumir juros mais altos. Um exemplo disso é a companhia aérea Gol, que assumiu uma taxa de 18% para trocar papéis com vencimento entre 2026 e 2024 por títulos com prazo até 2028. Anteriormente, a alíquota variava entre 3,75% e 8%.

Enquanto algumas companhias conseguem rolar suas dívidas mesmo com juros mais altos, outras não encontram alternativas e acabam caminhando para a recuperação judicial. Um caso emblemático ocorreu recentemente com a Cervejaria Petrópolis, proprietária das marcas Itaipava e Crystal, que recorreu à medida devido a R$ 4,6 bilhões em dívidas.

Como está o cenário de recuperação judicial no Brasil?

Diante das adversidades no mercado de crédito, alguns dados preocupantes têm sido revelados. Segundo informações da Serasa Experian, os pedidos de recuperação judicial apresentaram um aumento expressivo, chegando a 103 solicitações de pessoas jurídicas em fevereiro. Comparado ao mesmo mês do ano anterior, esse número representa um crescimento de 87%.

Empresas de todos os tamanhos estão sendo afetadas: entre os casos registrados, há nove grandes, 35 médias e 59 micros e pequenas organizações. Essa tendência reforça a necessidade de buscar soluções e alternativas para ajudar a equilibrar a oferta de crédito corporativo no país e oferecer suporte às empresas, especialmente diante do cenário econômico atual.