Dólar sobe frente ao Real com temores sobre dívida dos EUA e políticas monetárias globais

Nesta terça-feira (30), o dólar fechou em alta em relação ao real, embora tenha se afastado das máximas do dia. A moeda americana comercial subiu 0,60%, a R$ 5,042 na compra e na venda, após uma máxima de R$ 5,069, ou alta de 1,14%, no dia. O desempenho foi impulsionado por dúvidas quanto à tramitação do texto no Congresso norte-americano, expectativas crescentes de mais aperto monetário pelo Federal Reserve e novos dados reiterando visão mais próxima de redução dos juros no Brasil.

Os temores relacionados à possibilidade de defult do governo dos Estados Unidos deram lugar ao receio de que o projeto de lei sobre a dívida enfrentará uma trajetória complicada no Congresso. Segunda-feira (29), uma série de parlamentares republicanos de linha dura afirmou que se oporá ao projeto.

Por que isso impacta os mercados emergentes?

Mesmo com alguma dissipação de temores sobre a dívida dos EUA que impulsionaram o dólar nas últimas semanas, permanece a incerteza quanto à condução das políticas monetárias nas principais economias. Isso impede que o alívio afete os mercados emergentes de forma significativa, como aponta Matheus Pizzani, economista da CM Capital.

Quais são as possíveis decisões do Federal Reserve?

Pizzani indica que há grandes chances de o Federal Reserve pausar o aperto monetário na reunião de 13 e 14 de junho para avaliar a situação da economia. Isso pode influenciar o banco central norte-americano a voltar a subir os juros no encontro seguinte. A possibilidade de juros mais altos nos EUA faz com que o dólar se beneficie globalmente ao redirecionar recursos para o mercado de renda fixa da maior economia do mundo.

Como isso afeta a taxa Selic no Brasil?

Por outro lado, sinais de arrefecimento da inflação e retração do crédito no Brasil reforçam expectativas de que o Banco Central reduzirá a taxa Selic a partir do segundo semestre de 2023. Isso “acaba não beneficiando tanto o real”, uma vez que implicaria rendimentos menores oferecidos pelos ativos locais, explica Pizzani.

Dados divulgados nesta terça-feira apontaram queda histórica na inflação ao produtor acumulada nos 12 meses até abril e no IGP-M de maio. Além disso, um relatório do BC mostrou nova contração da oferta de crédito no país. De acordo com José Raymundo Faria Júnior, sócio e analista da Wagner Investimentos (WIA), a moeda americana pode subir para a faixa de R$ 5,05 a R$ 5,10.