Desvendando as barreiras para a interferência política na Vale: Entenda os obstáculos e impactos

Nos últimos dias, um buzz tomou conta do cenário econômico brasileiro. A possibilidade de o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva emplacar o ex-ministro da Fazenda Guido Mantega como CEO da Vale (VALE3), gerou muita discussão. Porém, uma série de obstáculos dificulta tal movimento. Em 2023, a Vale se transformou significativamente e muitos acreditam que está mais blindada contra pressões políticas.

Primeiramente, é importante entender como a mineradora mudou. A Vale de 2023 é muito diferente daquela de quando Lula estava em seus dois primeiros mandatos. Nesta época, ele entrou em rota de colisão com o então CEO da companhia, Roger Agnelli. Agnelli eventualmente perdeu o cargo para Murilo Ferreira em 2011, por pressão do Palácio do Planalto. Mas a Vale de hoje está muito diferente e apresenta vários obstáculos à intervenção política direta.

Quais são as barreiras à interferência política na Vale?

São seis os principais pontos que protegem a Vale contra uma possível pressão para colocar Mantega na chefia:

  1. Consultoria internacional recruta candidatos: o estatuto da Vale determina que o conselho foi contratado para avaliar potenciais candidatos ao cargo de CEO.
  1. É preciso passar pelos três nomes na lista: Mantega precisa convencer os consultores que tem condições de estar na lista tríplice ao final do processo de seleção.
  1. Atuação do Conselho de Administração: a companhia como uma corporation permite a atuação de um conselho imune a pressões políticas.
  1. Os acionistas relevantes estão pulverizados: cada um equivale a menos de 10% do capital, o que minimiza a influência direta sobre a gestão.
  1. As golden shares do governo têm poder limitado: enquanto isso permite veto em determinados temas, não dá direito a mudanças de CEO.
  1. Ausência do BNDES: a presença do banco que foi fundamental na gestão Lula já não existe mais na Vale.

Como isso impacta no futuro da Vale?

A junção desses aspectos torna extremamente difícil para qualquer governo interferir na governança corporativa da Vale. Mesmo um personagem forte como Lula teria dificuldades para forçar uma mudança na cadeia de comando da empresa. Esse é um fator de segurança para os investidores, que podem ver na Vale uma empresa resistente a caprichos políticos e focada em suas operações e lucratividade.