Ex-assessor de Bolsonaro negocia delação que pode comprometer ex-presidente

Brasília — Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, busca alcançar a liberdade provisória através do ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal). O pedido vem no contexto de potenciais negociações para uma delação premiada, que teria a possibilidade de afetar o ex-presidente Bolsonaro.

Cid se encontra preso há mais de quatro meses no Batalhão do Exército em Brasília, depois de se tornar um dos assistentes mais próximos de Bolsonaro. Uma mudança de advogado em agosto marcou uma postura de maior cooperação com as autoridades policiais por parte do ex-assessor.

O que está em jogo na delação de Mauro Cid?

Tratativas sobre o acordo estão em andamento, conforme informou o atual responsável pela defesa do tenente-coronel do exército, Cezar Bittencourt. A expectativa é de que os detalhes sejam consolidados na próxima semana.

Cid foi preso durante uma operação da Polícia Federal (PF), sob suspeita de falsificação de cartões de vacinação de Bolsonaro e seus familiares. Isso constitui um dos principais focos da PF – particularmente detalhes que possam apontar para o envolvimento do ex-presidente. Além disso, o ex-assessor também é investigado em outros casos relacionados à vazamento de dados sigilosos e ataques golpistas.

Quais os próximos passos?

Antes que a delação possa ser concedida, será necessária a homologação por parte do ministro Moraes. Espera-se que a decisão ocorra nos próximos dias. Além disso, a proposta precisará ser analisada pela PGR (Procuradoria-Geral da República). Porém, a decisão final poderá ser tomada independente da posição do órgão.

Para que um acordo de delação possa ser aprovado, as autoridades devem avaliar como reais e novas as informações apresentadas pelo delator. Os relatos deverão ser investigados, assim como quaisquer materiais apresentados em acordo de delação.

Há mais envolvidos?

Enquanto as negociações de Cid estão em andamento, outro assessor de Bolsonaro, Max Guilherme Machado de Moura, foi liberado nesta quinta-feira (7) por decisão de Moraes. Moura, que havia sido preso no mesmo dia que Cid, agora cumprirá medidas cautelares e será monitorado via tornozeleira eletrônica.

Moura é suspeito de participar de um esquema de fraudes no sistema do Ministério da Saúde. Ele já confirmou, em depoimento à PF, ter emitido seu certificado de vacinação como se estivesse imunizado, mas sem ter recebido as doses da vacina contra a Covid-19.