Veja o Que o PL Pronunciou com Relação a Análise das Urnas

Na última quarta-feira (25/11), em resposta ao presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Alexandre de Moraes, o PL, partido do presidente Jair Bolsonaro, enviou um novo documento. Documento esse que não apresenta a análise dos equipamentos usados na primeira etapa da votação, como havia sido determinado pela Corte.

De acordo com a sigla, apresentar um relatório completo sobre as eleições, incluindo o primeiro turno, seria uma “medida açodada” que poderia afetar “todos os candidatos que foram eleitos”. Na prática, ao limitar o pedido ao segundo turno, o PL quer evitar colocar dúvidas sobre a votação na qual elegeu as maiores bancadas do Congresso, com 99 deputados e 8 senadores, além de dois governadores. As mesmas urnas usada na votação presidencial, porém, também utilizadas na primeira etapa das eleições.

Resposta do PL após prazo de Moraes

Após Moraes dar um prazo de 24 horas para que a coligação de Bolsonaro, o partido PL encaminhou um documento no qual, estendesse a análise que fez das urnas também para a primeira etapa do pleito, “sob pena de indeferimento da inicial”.

“Ocorre que, neste momento embrionário, estender a verificação extraordinária pretendida também para o primeiro turno parece ser medida açodada, especialmente porque, como efeito prático, traria a própria inviabilidade da medida ora pretendida. Em razão da necessidade de fazer incluir no polo passivo da ação todos os milhares de candidatos que disputaram algum cargo político nessas eleições, bem como seus Partidos, Coligações e Federações”, diz o PL no novo documento encaminhado ao TSE.

Em suma, a coligação de Bolsonaro aponta um suposto problema em parte dos modelos de urnas eletrônicas utilizadas nas eleições. Segundo o documento, impediria a auditoria dos votos depositados nelas. Entretanto, especialistas afirmam que o problema apontado não impossibilita a conferência dos votos.

Já em uma entrevista sobre ação na sede do PL, o presidente da legenda, Valdemar da Costa Neto, afirmou que intenção ao apresentar a ação “não é impedir a posse de ninguém”.

— A nossa vontade não é atrapalhar a campanha, não é impedir a posse de ninguém. A nossa vontade é que se cumpra a lei. A lei é clara. Se tiver indício, isso não pode ser considerado, essa urna não pode ser considerada — disse o ex-deputado federal.

O que o PL está contestando?

Em uma conversa, Valdemar disse ao ministro do Supremo Tribunal Federal Gilmar Mendes para manifestar confiança nas urnas eletrônicas.

Nesse diálogo, o responsável do PL disse ainda estar desconfortável com a pressão interna de bolsonaristas da legenda para que o documento fosse encaminhado.

Segundo interlocutores do STF, Valdemar teria dito ao decano da Corte que a apresentação do documento elaborado por técnicos pelo partido é uma tentativa de não desagradar a militância dentro do partido. Uma vez que, conta com pelo menos 50 deputados. Com a intenção de se distanciar da iniciativa, o presidente do PL não acredita que o envio do relatório ao TSE terá qualquer resultado prático.

Entretanto os Interlocutores do PL que mantém contato com ministros do Supremo relataram ainda que o advogado Tarcísio Vieira de Carvalho, que e é ex-ministro do TSE e defendeu Bolsonaro. Demonstrando resistência em assinar o documento entregue à Corte. Por isso, o relatório conta com a firma de Marcelo Bessa, advogado criminalista que defendeu Valdemar no caso do mensalão.

Sobretudo, não é a primeira vez que Valdemar contraria nos bastidores a ala do PL ligada a Bolsonaro. No ano de 2021, em meio a um movimento no Congresso sobre o voto impresso, Valdemar atuou como um dos principais articuladores para que a proposta fosse rejeitada.

Os mesmos modelos de urnas questionados pelo partido do hoje presidente também foram utilizados nas eleições de 2018, quando Bolsonaro foi eleito.

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