Bolsonarismo Desvendado: A Psicologia por Trás da Lealdade ao Líder Controverso

Um dos casos mais peculiares do universo político brasileiro é o comportamento dos seguidores fiéis do presidente Jair Bolsonaro. Apesar de todas as provas, evidências e acusações de corrupção contra o presidente, seu público continua a apoiá-lo inequivocamente. Este fenômeno não é único e pode ser melhor entendido com a ajuda de conceitos psicológicos e sociológicos.

Muitos bolsonaristas simplesmente negam qualquer crime ou da ação inadequada por parte do presidente. Essa negação, muitas vezes, é acompanhada por uma retórica anti-mídia e acusações de comunismo direcionadas àqueles que se opõem a Bolsonaro. A psicanálise freudiana oferece um modo de compreender este fenômeno fascinante.

Movimentações coletivas e a figura do líder incontestável

Em sua obra “Psicologia das Massas”, Freud analisa como as sociedades tendem a se organizar em torno de um líder, a quem conferem infalibilidade. Essa elevação de um indivíduo ao patamar de uma liderança infalível é visível na história contemporânea com Mussolini na Itália, Hitler na Alemanha e, mais recentemente, Bolsonaro no Brasil. O líder, nesses cenários, não é visto como capaz de cometer erros ou agir de forma ética ou moralmente inaceitável.

A cegueira ideológica explicada pela psicologia de massas

Ao mesmo tempo, essa dinâmica de escolha e elevação de um líder produz hostilidade contra aqueles que não compartilham das mesmas crenças. Essa “lógica” da hostilidade não se baseia no racional, mas no emocional. Entãois, essas pessoas passam a desprezar, rejeitar e até mesmo agir violentamente contra os opositores, descritos como “inimigos”, e não meros adversários políticos.

Servidão voluntária: um conceito que pode explicar a lealdade inabalável dos bolsonaristas

O conceito de servidão voluntária, desenvolvido pelo filósofo Étienne de La Boétie, explora a ideia de que as pessoas preferem acreditar cegamente em um líder a se desafiar a pensar e questionar. Eles optam por submeter-se voluntariamente à autoridade do tirano, na esperança de que este resolva todos os seus problemas. Naturalmente, isso resulta em uma adesão teimosa às crenças iniciais, mesmo quando confrontados com evidências contrárias.

Resumindo, é praticamente impossível fazer um admirador fiel de um autoritário repensar suas convicções. Afinal, tais pessoas tendem a aderir rigidamente a preconceitos estabelecidos. No entanto, acreditamos em uma sociedade democrática forte, capaz de respeitar a pluralidade de pensamentos e repudiar a autocracia. E tudo isso começa com a educação, preparando cidadãos completos que valorizam a democracia e resistem à tentação do pensamento único.